quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Esse é o cara!!!!

Odilon de Oliveira, de  56 anos, estende o colchonete no piso frio da  sala, puxa o edredom e prepara-se para dormir  ali mesmo, no chão, sob a vigilância de sete  agentes federais fortemente armados. Oliveira é  juiz federal em Ponta Porã, cidade de Mato  Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai e,  jurado de morte pelo crime organizado, está  morando no fórum da cidade. Só sai quando  extremamente necessário, sob forte escolta. Em  um ano, o juiz condenou 114 traficantes a penas,  somadas, de 919 anos e 6 meses de cadeia, e  ainda confiscou seus bens. Como os que pôs atrás  das grades, ele perdeu a liberdade. 'A única  diferença é que tenho a chave da minha prisão..'  
Traficantes  brasileiros que agem no Paraguai se dispõem a  pagar US$ 300 mil para vê-lo morto. Desde junho  do ano passado, quando o juiz assumiu a vara de  Ponta Porã, porta de entrada da cocaína e da  maconha distribuídas em grande parte do País, as  organizações criminosas tiveram muitas  baixas.Nos últimos 12 meses, sua vara foi a que  mais condenou traficantes no País.

Oliveira confiscou  ainda 12 fazendas, num total de 12.832 hectares,  3 mansões - uma, em Ponta Porã, avaliada em R$  5,8 milhões - 3 apartamentos, 3 casas, dezenas  de veículos e 3 aviões, tudo comprado com  dinheiro das drogas. Por meio de telefonemas,  cartas anônimas e avisos mandados por presos,  Oliveira soube que estavam dispostos a comprar  sua morte.
 'Os  agentes descobriram planos para me matar,  inicialmente com oferta de US$100 mil.' No dia  26 de junho, o jornal paraguaio Lá Nación  informou que a cotação do juiz no mercado do  crime encomendado havia subido para US$ 300 mil.  'Estou valorizado', brincou. Ele recebeu um  carro com blindagem para tiros de fuzil AR-15 e  passou a andar escoltado.
Para preservar a família,  mudou-se para o quartel do Exército e em seguida  para um hotel. Há duas semanas, decidiu  transformar o prédio do Fórum Federal em casa.  'No hotel, a escolta chamava muito a atenção e  dava despesa para a PF.' É o único caso de juiz  que vive confinado no Brasil. A sala de  despachos de Oliveira virou quarto de dormir. No  armário de madeira, antes abarrotado de  processos, estão colchonete, roupas de cama e  objetos de uso pessoal. O banheiro privativo  ganhou chuveiro. A família - mulher, filho e  duas filhas, que ia mudar para Ponta Porã, teve  de continuar em Campo Grande. O juiz só vai para  casa a cada 15 dias, com seguranças. Oliveira  teve de abrir mão dos restaurantes e almoça um  marmitex, comprado em locais estratégicos,  porque o juiz já foi ameaçado de envenenamento.  O jantar é feito ali mesmo. Entre um processo e  outro, toma um suco ou come uma fruta. 'Sozinho,  não me arrisco a sair nem na calçada.'  
Uma  sala de audiências virou dormitório, com três  beliches e televisão. Quando o juiz precisa  cortar o cabelo, veste colete à prova de bala e  sai com a escolta. 'Estou aqui há um ano e nem  conheço a cidade.' Na última ida a um shopping,  foi abordado por um traficante. Os agentes  tiveram de intervir. Hora extra. Azar do tráfico  que o juiz tenha de ficar recluso. Acostumado a  deitar cedo e levantar de madrugada, ele  preenche o tempo com trabalho. De seu 'bunker',  auxiliado por funcionários que trabalham até  alta noite, vai disparando sentenças. Como a que  condenou o mega traficante Erineu Domingos  Soligo, o Pingo, a 26 anos e 4 meses de  reclusão, mais multa de R$ 285 mil e o confisco  de R$ 2,4 milhões resultantes de lavagem de  dinheiro, além da perda de duas fazendas, dois  terrenos e todo o gado. Carlos Pavão Espíndola  foi condenado a 10 anos de prisão e multa de R$  28,6 mil. Os irmãos , condenados respectivamente  a 21 anos de reclusão e multa de R$78,5 mil e 16  anos de reclusão, mais multa de R$56 mil,  perderam três fazendas. O mega traficante Carlos  Alberto da Silva Duro pegou 11 anos, multa de  R$82,3 mil e perdeu R$ 733 mil, três terrenos e  uma caminhonete. Aldo José Marques Brandão pegou  27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e teve  confiscados R$ 875 mil e uma  fazenda. 
 Doze réus foram  extraditados do Paraguai a pedido do juiz,  inclusive o 'rei da soja' no país vizinho,  Odacir Antonio Dametto, e Sandro Mendonça do  Nascimento, braço direito do traficante Luiz  Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. 'As  autoridades paraguaias passaram a colaborar  porque estão vendo os criminosos serem  condenados.' O juiz não se intimida com as  ameaças e não se rende a apelos da família, que  quer vê-lo longe desse barril de pólvora. Ele é  titular de uma vara em Campo Grande e poderia  ser transferido, mas acha 'dever de ofício'  enfrentar o narcotráfico. 'Quem traz mais danos  à sociedade é mega traficante. Não posso ignorar  isso e prender só mulas (pequenos traficantes)  em troca de dormir tranqüilo e andar sem  segurança.'    ESTE  MERECE NOSSOS APLAUSOS!
POR ACASO  A MÍDIA NOTICIOU ESSA BRAVURA QUE O BRASIL  PRECISA SABER? NÃO, AGORA SE ELE FOSSE UM BBB...  APARECIA EM TUDO!

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